O cotidiano em uma metrópole como Porto
Alegre apresenta inúmeras formas de convivência. Encontros e desencontros entre
diferentes pessoas, entre diferentes classes sociais, entre diferentes formas
de viver e observar a vida, e isso conforme o antropólogo Roberto DaMatta exige
regras de convivência igualitárias, com leis que sejam respeitadas por
todos.
É preciso contemplar o contraditório, o antagônico e o complementar em uma realidade que se traduz a partir da busca pela concretização de
desejos coletivos e individuais; pelo caos no trânsito; pela velocidade e
intensidade, e muitas vezes pela violência e criminalidade. Tendo em vista este
contexto, as relações cotidianas necessitam ser repensadas e isso não
poderá ser feito apenas pelo estado ou isoladamente por qualquer instituição
pública.
O poder legislativo municipal não pode
eximir-se dessa importante questão, afinal de contas é na cidade que as
relações se estabelecem e estas necessitam de regras. Fomentar este debate
através da revisão do código de posturas de Porto Alegre torna-se
fundamental.
Assim logo ao assumir a presidência da
câmara de vereadores e consciente de que não se
pode pensar a cidade sem consultar a sociedade, sem construir
alternativas e sem desenvolver processos nos quais as pessoas lutem por seus
direitos, desde que respeitem e exerçam igualmente seus deveres, coloquei
em prática as primeiras ações visando reformular o Código de Posturas da Cidade.
É inevitável que
regras disciplinem certas práticas, que estipulem obrigações e que sejam
recebidas pelos cidadãos como algo que almeja o avanço na qualidade de vida da
cidade e do bem comum. Com este objetivo, para iniciar o
debate em torno da necessária revisão do Código de Posturas da Cidade,
convidamos um dos maiores antropólogos do país para uma apresentação na Câmara
de Vereadores de Porto Alegre.
O resultado foi
extremamente positivo. Trazendo ao debate questões pertinentes à
igualdade, à liberdade e à democracia, Roberto DaMatta expôs com
muita propriedade a necessidade do respeito às normas de convivência e
construção de valores republicanos nos quais os cidadãos de forma igualitária
relacionam-se na cidade em movimento.
DaMatta demonstrou com muita clareza
que a cidade necessita estimular a saúde cidadã e que isso só poderá
acontecer através de uma mudança cultural. Não temos como pensar o desenvolvimento
da cidade sem pensar nos cidadãos, sem que os mesmos saibam seus direitos e
deveres e coloquem em prática no cotidiano da cidade.
Conviver com o outro, comportar-se
bem em um enorme engarrafamento, respeitar o ciclista, separar o lixo, não
despejar óleo de cozinha na privada, cuidar da calçada, não jogar lixo pela
janela do carro, respeitar as filas, prestar socorro ao próximo, ajudar,
estender a mão, agradecer e parabenizar o outro; tudo isso parece
familiar?
Penso que através deste
processo possamos estimular a solidariedade nas
relações. Em um dia a dia intenso, de muito trabalho, algumas destas
atividades básicas e saudáveis para convivência democrática dos cidadãos são
esquecidas. Por isso a intenção de revisar o Código de Posturas é
despertar a conscientização sobre os conceitos de igualdade e liberdade para os
cidadãos, tratando este tema como um compromisso com a democracia.
A mudança para um mundo melhor depende prioritariamente de cada um de nós.
ResponderExcluirO poder público deve fazer sua parte, realizando projetos e ações, o legislativo editando leis atualizadas que facilitem a vida das pessoas, e nós, cidadãos devemos cada vez mais cuidar de nossa cidade, dos nossos amigos, dos nossos conterrâneos.
Esse novo código de postura vai ser um paradigna no ordenamento jurídico, sendo uma das leis mais atuais e eficientes.
Parabéns Mauro
Um grande Abraço
Conrado